sexta-feira, 29 de março de 2013

A História e Roberta e Diego 1ª Fase

Capítulo 1
Roberta e Diego se esqueceram?
As férias acabam e a preguiça ressurge, assim como o tédio, só de chegar aos portões do Elite Way. Cada rebelde havia viajado para um lugar diferente e há muito estavam sem se ver. Uma ou outra mensagem no celular, uma postagem no twitter, e não mais que isso. Tinha sido o tempo escolhido para relaxar, para curtir, curar as feridas, esquecer... Se é que algumas coisas são possíveis de se esquecer.
 Roberta sai do carro ainda como no primeiro dia. O olhar malvado cor de fogo, as mexas roxas e as tachas espalhadas pela roupa. Nada tão exagerado quanto nos momentos de pico, mas estava armada para o que fosse. Principalmente se fosse para implicar com as rendinhas da Alice que não disfarçava o desespero manhoso de encontrar Pedro.
-Ain... Onde será que ele tá?!
Roberta abre a bolsa.
-Aqui não tá!
Deixa de ser chata, a gente se aturou as férias todas, agora eu quero distância de você!
-Faço minhas as suas palavras! 
 E sem esperar mais que dois segundos, Roberta entra no colégio, deixando Alice ainda na entrada mirando todos que passam à procura do namorado.
 Sem paciência Roberta caminha apressada pelos corredores. Não olha bem para onde está indo, parece querer evitar alguma coisa.
-Ai, olha por onde anda idiota! -Ela tromba com alguém e a mochila cai.
-Oi.
 Ela não responde.
-Toma você deixou cair.
-Não seria você que quase me derrubou?
-Também foi bom te ver.
 Diego sai indiferente, deixando Roberta com um nó na cabeça. Não era o encontro que esperava depois de tanto tempo sem se ver. Será que ele a tinha esquecido nessas férias? Ela acreditava ter esquecido, mas ao vê-lo todas as suas armas foram ao chão. O coração disparado não disfarçava a vontade de um abraço apertado. É dessas vontades que chegam a doer, por vir de uma saudade que sufocamos e proibimos por muito tempo.
 Mas o momento é de ser forte outra vez. Ela ergue os olhos e prossegue.

 Diego, com uma expressão séria, entra em seu quarto depois de muitos dias. Está tudo tão quieto que ele acredita ter sido o primeiro a chegar.
-É acabou a mordomia... -Fala sozinho enquanto joga a mala em um canto.
-Acabou mesmo moleque! -Diego é agarrado pelo pescoço com força. -Agora tu vai ver o que é bom!
-Me larga! -Diego revida derrubando o agressor no chão. Logo os dois saem rindo.
-Seu palhaço eu podia ter te machucado sabia? 
-Ah, tá! Até parece! Vem cá cara -Eles se cumprimentam com um abraço desses que só homem se dá, com batidinhas nas costas, achando que disfarçam o quanto sentem falta um do outro.
-Bom te encontrar Pedro! Só não imaginava que fosse assim!...Seu doido!
-E aí como foi as férias?
-Boas.
-Só isso?
-Tá, foram ótimas! 
-Vai ficar fazendo mistério é? -Pedro cruza os braços.
-Não. Eu precisava desse tempo pra colocar as ideias em ordem.
-Deu certo?
-Acho que sim. O machucado criou casca.
-Tá resistente?
-Nem tô. Eu acabei de encontrar com a Roberta no corredor.
-E ela?
-Foi marrenta.
-Então ela foi normal ué!
-Eu não consegui dizer nada.
-E?
-E que eu saí e deixei ela lá!
-Mas... Você já esqueceu ela Diego?
-Pior que eu achava que tinha...
-Então porque você não falou com ela cabeça!?
-É que quando eu olhei pra ela... -Diego lembra da cena. -Foi como a primeira vez que eu a vi...Cheia de si, de pressa, com cara de má! Mas me deixou totalmente bobo. Eu queria abraçar ela sabe? Apertar forte e nunca mais largar...
-Sei! Sei tanto que agora mesmo vou encontrar a minha branquinha e fazer com ela isso aí que você devia ter feito com a Roberta! Fui!... Ah!- Pedro se vira antes de fechar a porta. -E você deveria seguir o exemplo! Ao cara... -Pedro sai ainda falando, e Diego permanece imóvel e indeciso.
A grama esverdeada toca de leve as pernas que se cruzam sobre ela. Um livro em mãos, já passando da metade, e um olhar perdido em outro universo. Roberta pôs o uniforme antes de todos e escolheu um lugar tranquilo dentro de si para se esconder do mundo. As palavras a levam e a lembrança a traz de volta. Ela se enfurece e joga longe o livro.
-Droga! -Ela esfrega o rosto e joga o olhar para cima. Espera alguns segundos, respira fundo e se levanta para buscá-lo perto de um arbusto.
-Psiu! -Diego a agarra e puxa para baixo.
-Me solta!
-Psiu! -Diego olha para os lados.
-Não sabe falar outra coisa não?
Diego tapa a boca de Roberta e se põe sobre ela entre as folhas.
-Bom Jonas, aqui ela não está. -Franco afirma ao diretor.
-A Roberta deve estar dentro do colégio. Vamos procurar de novo, afinal ele é muito grande, nós devemos ter esquecido algum lugar.

Mesmo passado o perigo, Diego e Roberta continuam na mesma posição. As mãos sobre os lábios dela vão deslizando devagar. Os olhos estão perto demais, as bocas estão perto demais e os pensamentos estão longe demais...
O cheiro dele ainda era o mesmo. A cor dos lábios dela também. Diego tem algo a dizer, mas não consegue  desenvolver nenhuma frase. Está perdido no olhar e na sensação que a pele dela lhe transmite. Roberta sente o peso do corpo dele posicionado sobre seu abdômen, e se esquece de respirar.
 Ele vem se aproximando. Os lábios quentes se envolvem. Tímidos, eles sentem sua superfície antes de adentrar no começo, mas se tornam intensos à medida que o gosto do outro se torna necessário demais para se temer qualquer coisa. Não há palavra nos instantes em que a proximidade faz o desejo se estender além do tempo. E faz a gente perder a consciência de que conversas seriam necessárias. É preciso conversar com o toque, com o ar que sai dos pulmões e com os dentes nos lábios até eles se avermelharem antes de colocar importância em qualquer outra coisa.
Os dois ali ficam, em pleno esconderijo, tendo alguns breves instantes de entendimento, o que poderia ser mais perigoso do que se imagina.

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