quarta-feira, 3 de abril de 2013

A História de Roberta e Diego 1ª Fase

Capítulo 8
Quem é ela?
O som do tempo vai ditando as notas, vai dando as medidas certas para cada toque. Para cada vez que parecem estar mais no outro que em si mesmo.
 Nos beijos veem-se o gosto que a cada momento era mais buscado. Como se não pudessem parar, nem ao menos por um segundo. Talvez se dedos desistissem e as bocas parassem de se namorar, algum pensamento de sanidade pudesse interromper tão agradável instante. Era o momento feito para deixar de ser dono de seu próprio corpo, pois esse estava de fato, sendo cuidado por outras mãos.

 A campainha toca. O coração parece escapar do peito quando ela se levanta em um salto ligeiro, repetindo o mesmo movimento de minutos atrás.
-Bom, é... Eu já vou... -Roberta não consegue olhar para um só lugar, seus olhos buscam vários focos ao mesmo tempo. Diego tenta desprender os olhos dela, mas não consegue.
-Ok. -É o máximo que ele consegue dizer.
 Enfim, não há tempo para mais nada, talvez somente para um beijinho selando a rápida despedida. Roberta não poderia tardar muito, sabe lá o que iria acontecer se permanecesse só mais um segundo naquele sofá.

 A noite acaba com banhos frios, muito necessários, diga-se de passagem. Um ou outro suspiro partilhado com o travesseiro e somente uma certeza: De que as horas para sonhar seriam poucas. Logo o sol ocuparia todo o céu de uma surpreendente segunda-feira.
 -E aí? -Alice estranha Roberta não entrar. -Vai ficar parada no portão?
-Tô esperando meu namorado! Por que, é proibido?
-Olha aqui Roberta eu não vou ficar aturando suas grosserias não valeu?
-Que tá acontecendo? -Pedro chega antes que Alice perca as estribeiras.
-É essa garota aí, que tá sempre jogando uma ferradura em mim!
-Olha aqui Alice!...
-Ei, ei, ei! Que que é isso meu povo? -Tomás surge com Carla e interrompe Roberta.
-Eu perguntei a mesma coisa... -Pedro ressalta.
-Ah, não tá acontecendo nada.
-Aposto que é porque o Diego ainda não chegou!
-Claro que não Tomás! Eu não sou mãe dele!... Quer saber? Fui!
-Nada disso. -Carla a impede. -É bom que vocês estejam aqui, eu tô precisando falar com todos vocês! Depois você avisa o Diego também, Roberta.
Todos ficam apreensivos. A ideia de problema sempre rondando.
-É que essa semana eu vou precisar da ajuda de vocês pra sair do colégio...
-Porque? Algum problema?
 Antes que Carla responda à pergunta de Alice, todos percebem que Roberta já está em outro foco. O rosto não demonstra o que está sentindo. Isso é só ela que traduz a si mesma.
 Todos param o assunto e observam a cena que se aproxima:
 Eles caminham lado a lado. Ela com seu estilo simples e seguro o faz rir. O assunto realmente parece ser muito interessante pelos passos lentos e os sorrisos largos.
-Quem é ela? -Alice fica curiosa.
-Marina! -Roberta sorri. Não de verdade, claro. Mas já que no colégio, homicídio daria no mínimo uma expulsão, era mais seguro usar um tom de sarcasmo.
 Diego se aproxima simpático.
-Oi pessoal!
Todos o cumprimentam e ficam esperando que Diego faça as devidas apresentações.
-Ah, tá... Bom, eu quase me esqueci. Essa aqui é a Marina, ela vai estudar com a gente.
-Muito prazer. -Carla é a primeira a fazer contato.
-Oi! Eu tô muito feliz de estudar aqui. Parece bem legal. -Marina é risonha.
-É legal sim. Se você morava num presídio de segurança máxima pode nem sentir a diferença.
-Aposto que você é o Tomás? -Marina é rápida. Diego me disse o quanto você gosta de brincar.
-Não, eu disse que ele era o mala do grupo. -Diego zoa.
-Hã... -Tomás faz um coraçãozinho para Diego com uma cara muito feia.

-Ah, mas eu só tô preocupada mesmo com as aulas de educação física. Dizem que aqui eles pegam pesado e eu não sou muito boa com exercícios.
-Ah, mas eu posso te ajudar!
-Sério Carla? -Roberta interfere. -Você não se esqueceu que essa semana você tem muita coisa pra fazer não?
-Nossa é verdade! -A rebelde se lembra da competição. -Não, mas vai dar prazo! Sempre temos prazo para os amigos.
-Como? -A novata se surpreende. -Já me considera sua amiga?
-Claro. -Pedro chega na conversa. Se você amiga do Diego passa a ser nossa também. Somos um grupo.
-Achei que tava completo. -Roberta fala pra si mesma.
 Marina segura as mãos parecendo tímida.
-Vocês são realmente muito unidos. Acho que a gente vai se dar muito bem.
-Eu não tenho tanta certeza... -Roberta sussurra um pouco mais alto desta vez.
-Oi?
-Nada não querida... -A rebelde imita a tranquilidade de Marina. -É que a gente tem que entrar. Nesse colégio não são permitidos atrasos sabe?
 -Ah, então vamos! -Marina parece não perceber a hostilidade de Roberta.
 Todos acertam os passos e a acompanham. Roberta dá a mão de Diego e segue sorridente como se nada tivesse acontecido. Era seu jeito, seu tom de viver. Não existe melhores estímulos do que aqueles que a selvageria podia lhe dar naturalmente.

O quarto das meninas novamente vê sinal de vida. A rebelde abre a porta e percebe algo diferente. Talvez não tenha notado, ou quem sabe o que encontrou tenha mexido  de tal jeito com sua visão que ela nem percebe que existe algo mais naquele quarto além do que estava diante dela.
-Outra vez? -Roberta zangada, pega o pedaço de papel sobre a cama. Alice chega em seguida.
-Roberta o que é isso?
-Não sei. -Ela continua a olhar para o papel.
 Alice coloca a mala de lado e observa Roberta.
-Roberta você tá onde?
-Quê?
-Não viu que tem outra cama no nosso quarto?

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