segunda-feira, 1 de abril de 2013

A História de Roberta e Diego 1ª Fase

Capítulo 7
Namoro na sala

Assim se vai a maré dos pensamentos. Ela resolve se calar diante de um desejo mais intenso que qualquer outro, e dá espaço para que certos diálogos sigam em três lares diferentes.
 São seis cabeças pensando, ou melhor,  nem estão pensando tanto assim, porque afinal com a boca tão ocupada, não havia muito tempo, nem muita vontade. Mas mesmo assim o pensamento em alguma hora surgia.
  Um carpete no chão, uma casa quieta... E uma conversa ainda não terminada fluia na casa de Leila.
-Tomás...
-Fala.
-Amanhã eu começo a ensaiar pra competição de dança...
-Hum... -Ele torce o rosto e não parece gostar da ideia.
-Não adianta fazer essa cara que eu vou precisar da sua ajuda!Eu não vou conseguir permissão para sair do colégio, e eu tenho que treinar bastante com...
-É, sei com seu parceiro... -Ele volta a fazer cara de poucos amigos.
-Acho que vou precisar de mais gente. -A dançarina fica pensativa.
-Carla, não sei se isso é uma boa ideia.
-A Alice e a Roberta podem me dar cobertura pra eu não ser percebida...
-Mas eu acho que...
-E os meninos podiam encobrir você...
-É, mas... -Tomás tenta, mas tá difícil.
-Isso Tomás, daí você me ajuda a pular o muro! -Ela fica animada e o abraça. -Obrigada meu amor, você ajudou muito!
-Mas Carla...
-Agora eu já vou que o povo deve tá preocupado comigo, a gente termina de falar amanhã. Beijo! -E a menina sai toda animada com seus sonhos em mãos, sem consequência a pensar.
 Tomás para um segundo sem reação, mas logo dispara a falar:
-É, meu amor, o que você acha? -Tomás imita Carla levando as mãos ao queixo e afinando a voz. -Você poderia me dizer se você  vai gostar disso, porque afinal você é meu namorado né?...
 Ele sobe as escadas e continua falando. Débora passa perto de olhos arregalados a estranhar, balança a cabeça e ri do primo.
 O jeito como as coisas terminam muitas vezes depende da maneira como cada um vê que deveria terminar. Se é que isso faz algum sentido.

 Pedro começa a questionar. Não que a curiosidade fizesse parte de sua personalidade. Na verdade era preocupação mesmo.
-Eu já disse que não é nada. -Alice tenta evitar o assunto.
-Tudo bem, mas eu não posso ajudar?
-Você já ajuda vindo até aqui ficar comigo. -Ela sorri.
-Eu só não quero que você faça que nem a Roberta fez e esconda o problema.
-Não eu vou te contar, só não quero que seja agora. Tá tudo muito tenso aqui ainda.
-Será que esse problema do seu pai e da Eva demora muito a ser resolvido?
 A menina balança os ombros mostrando não saber.
-Eu tava pensando que a gente podia acampar!
-Sério?.. -Alice faz uma cara de decepção.
-É! Vamos nós seis! Vai ser muito maneiro, você vai ver. -Ele se entusiasma.
-Sei! Eu ia adorar se fosse num shopping! Onde eu não corro o risco de ser devorada por um exército de mosquitos!
-Ah, não dá pra acampar num shopping... -Ele ri e logo franze a testa. -Dá?
-Bobo..Vamos fazer o seguinte... Deixemos esse papo pra amanhã?
Ele faz um sinal positivo e os dois recomeçam de onde tinham parado. Mas ainda havia algo que Pedro queria saber, e mesmo tentando mudar de assunto para que Alice se distraísse, ele ainda insistiria. Contudo era preciso deixar levar.

 E por último na mansão dos maldonado, o sofá da sala é somente deles e não há nenhum ouvido por perto.
 Mesmo com tantas surpresas, o domingo acaba com estalinhos de beijos, ouvidos de perto pelos móveis quietos e mudos.
  As pernas dela estão ainda sobre as dele. Diego se inclina sobre Roberta e faz o beijo se aprofundar. A boca risonha recebe os lábios dele e tudo mais com muita sede, e o vai puxando para mais perto.

 Debaixo do rosto dele, ela nem se lembra de nada que havia acontecido com o tal "violão" nem a quem ele pertencia. Não é possível fugir do que se quer, nem da vontade de ir mais e mais.
 Mesmo parecendo que já se foi ao máximo possível, é o impossível que hipnotiza. Aquilo que não podemos fazer é sempre o que mais queremos fazer.
 Como explicar para as mãos onde elas não devem ir? Ou para os lábios onde devem permanecer?
 Como explicar ao corpo que a certa distância seria mais seguro? Se afinal são tantos os sentidos e um só cérebro para comandá-los?
 E diante de tantas perguntas esse sábio desiste da tarefa, largando tudo na responsabilidade do coração. E esse que se vire!
-Diego é melhor eu ir. -Roberta levanta rápido e se põe de pé. Lhe falta o ar.
-É, eu vou com você. Quer dizer com o motorista. -Diego fica todo tonto.
-Não precisa eu vou ligar pro Franco.
Diego se levanta e eles ficam de frente.
-Mas até que ele vem, me conta o que tá acontecendo. A gente não teve prazo de conversar.
Roberta não resiste e ri.
-Que foi? -Diego ainda recupera o fôlego.
-A gente tava meio ocupado né Diego...? -Ela continua com o sorriso.
-Eu fiquei muito preocupado quando nos falamos por telefone, mas...
-Eu sei,a aguadinha chegou e resolveu fazer serenata pra você... -Roberta aperta os números no celular e diz essa frase como se Diego nem pudesse estar ouvindo. Mas ao colocar o telefone no ouvido, vê que ele a olha surpreso.
 Após a ligação ela fica sabendo que o motorista já está vindo buscá-la. Ao desligar o aparelho  ela se volta a Diego:
-Por que tá me olhando?
-Bom... -Ele se aproxima com um jeito insinuante. -Eu to olhando a minha namorada linda. -Ele acaricia o rosto dela. -Esses olhos lindos... Que ficam ainda mais lindos com ciúme.
-Eu não tô com ciúme! -Roberta salta da situação.
 Diego a encara com ar de graça.
-Eu só não gostei dela, só isso...
-Porque? -Diego tenta entender.
-Ela tem sorriso demais naquela cara. -Roberta cruza os braços e fica emburrada.
-Isso, ou você não quer admitir que tá com ciúmes?
-Vamos parar com esse papo bobo. Vem que eu vou te contar da encrenca lá em casa até que venham me buscar.

 Fugindo ao foco principal de antes, Roberta finalmente mostra a Diego os motivos que levaram Franco a contratar o tal segurança e a fazer todo esse cerco de proteção ao redor dela e de Alice. O namorado fica abalado. Logo um acontecimento já dito antes lhe vem à cabeça:
-E aquele bilhete Roberta?
-O bilhete?
-É. Você não pensa que talvez tenha algo a ver...
-Não... -Roberta nem releva a ideia. -Isso é obra de algum idiota pra me meter medo. "Eu vou te pegar"! Até parece que vou me importar com algo tão ridículo.
-É, mas eu me importo. -Ele chega mais  perto e segura sua mão. -Eu me preocupo, não quero que nada de mal te aconteça.
-Não vai acontecer. Ela desce o rosto mais perto do dele e escorre soltos os lábios para um longo beijo.
 Estão sozinhos naquela casa, enquanto todos passeiam e curtem o restante do final de semana. Eles não pensam em sequer um motivo para não fazer tal beijo durar por toda a noite e por toda extensão da pele.

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