Procurando pistas
Quando no cotidiano o homem encontra o desespero, tudo muda de figura. Era momento de levá-la ao hospital, de buscar ajuda, de pegar as chaves do carro. E como que em típico seriado de humor, ele se esquece do mais importante: A mulher.
Ainda no porão, o mistério ainda se mostra estar só no começo. Era preciso agir.
-Mas onde você encontrou?
-Em cima da cama. -Roberta lhe mostra o segundo bilhete. -É igual ao primeiro. Um pedaço de papel escrito "Eu vou te pegar" bem no meio.
-Acho que a gente devia avisar o Dr. Jonas.
Roberta fica atenta à opinião de Diego.
-Você acha?
-Acho. -Diego fica preocupado. -Mesmo que seja só uma brincadeira de mal gosto a gente não pode deixar passar. Sabe lá o que estejam aprontando, e eu não quero que você se prejudique.
-Ah... -Roberta se derrete, e o sorriso surge inevitável.
Ele a segura de volta em seu peito. Os dois logo continuam de onde haviam parado. Sempre em um magnetismo tão forte, que era preciso despertar subitamente para conseguir dar fim a um simples beijo. Esses tais beijos aliás, são os que trazem escondidos na sua simplicidade uma ardência que é instintiva. O que a torna totalmente impossível de ser negada à flor da pele.
É a primeira aula do dia. Marina entra acompanhada de Jonas. O diretor faz as as apresentações, sem se estender muito. Todos, como sempre ficam comentando. As meninas a olham de cima a baixo, mas os meninos não ficam de fora. A diferença é que as meninas querem ver o que tem sobre o corpo, ou seja, as roupas e os acessórios. Enquanto que os meninos querem imaginar o que tem por baixo de tudo isso. Eis mais uma das diferenças entre homens e mulheres.
-Senta aqui com a gente. -Alice convida.
Marina se aproxima com seu jeito ingênuo e ao mesmo tempo seguro de caminhar. Senta bem ao lado de Alice que fica entre ela e Roberta.
Durante toda a aula, as duas trocavam uma ou outra frase, mostrando que além de Carla mais alguém parecia estar se simpatizando muito com a nova aluna. Isso deixava Roberta ainda mais mordida. E o problema de não saber mentir é que ao terminar a aula de história a rebelde tinha esse sentimento como um outdoor bem no meio da testa.
-Ah, Roberta porque você não tenta se aproximar dela?
-Eu não. -Ela aperta os livros nos braços e escora as costas na parede do corredor.
-Eu tô com a Carla. Se você conversar com ela vai ver que ela é muito legal!
-Você diz isso só porque ela elogiou seus arquinhos! Eu ouvi vocês na aula!
-Eu aprecio pessoas de bom gosto tá!
-Fala com ela Roberta. -Carla insiste e faz uma cara, que por um momento, quase faz Roberta aceitar.
-Quer saber? Eu vou embora. -Roberta se vira.
-Ei não vai esperar a gente?
-Nascemos grudadas?
Roberta sai deixando Carla rindo e Alice quase quebrando um lápis que tinha em mãos.
Os meninos estavam pensativos. Tomás oferecia ajuda a Diego, mas o rebelde não tinha ideia do que fazer.
-E se a gente procurasse algumas pistas?
-Que pistas Tomás?
-Ué Diego. Se alguém entrou no quarto da Roberta e colocou esse bilhete pode ter deixado alguma pista. E mais, é alguém aqui do colégio, então não pode ter nada a ver com o problema da Eva e do Franco.
-Verdade. Vou falar com a Roberta. -Diego se levanta.
-Ei, espera! Elas foram pra educação física lembra?
-Ah é! Só que mais tarde não vai dar porque a gente vai ajudar a Carla a fugir pra ensaiar pro concurso de dança, não é?
-Você tinha que lembrar... -Tomás se chateia.
Os dois ficam desanimados até que pensam melhor.
-A gente podia ir agora!
-Sério Tomás? Sem avisar?
-Depois você avisa a Roberta. Ela não vai se importar!
Diego concorda. Roberta não se importaria com algo assim. Ao menos acreditava que não.
Os dois rumam ao corredor do quarto das meninas. Jonas se aproxima e eles se escondem. Desconfiado, o diretor junta os lábios com os dedos como se sentisse a presença de alguém. Ao ver uma brecha eles correm e se atiram no quarto das meninas.
-Você acha que ele viu?
-Não. -Diego garante.
-Vamos procurar logo e dar o fora daqui!
Eles reviram o quarto e não acham nada suspeito. Nem uma mancha no chão, nem algo que não fosse das meninas. Estava tudo aparentemente normal.
Um barulho é ouvido no corredor e se aproxima cada vez mais. Diante do susto, Tomás se esconde debaixo da cama de Alice e Diego da de Roberta. Logo o estrondo de porta sendo violentamente aberta mostra quem entra. Os meninos já se preparam para sair ao ver Roberta e Alice, mas retornam ao perceber que Carla surge acompanhada de Jonas. E tudo acontece em frações de segundo.
-Tem mais alguém aqui?
-Só a gente diretor! Porque? -Alice fica intrigada.
-Por nada. -Jonas olha ao longe.
-Hello! -Alice acena para o diretor. -Fim de aula...Suor...A gente precisa tomar banho!
-Ah sim, sim! -O diretor fica sem graça. -Eu já vou. Mas vou avisando que eu tô de olho.
-Nós sabemos. -Carla segura a porta e não espera dois segundos para fechá-la, assim que ele sai.
Diego e Tomas se olham de frente e fazendo sinal negativo, Tomás diz a Diego para não sair. Eles se escondem mais e só conseguem ver as pernas passando de um lado e outro.
-Eu vou tomar banho! -Alice pula no banheiro.
-Ah, não Alice você demora uma eternidade! -Roberta bate na porta furiosa.
-Deixa ela Roberta!
-Droga. -Ela cruza os braços e senta na cama de Alice.
-Vou trancar a porta. -Carla se levanta.
-Pra que?
-Pra tirar a roupa ué!
Tomás arregala os olhos e sorri mordendo os lábios. Diego olha para ele balançando a cabeça em reprovação.
-Eu sempre tiro no banheiro. -Roberta diz em tom de praticidade.
-Ah, mas é muito mais fácil tirar antes. -Carla tira a blusa enquanto fala. -Daí fica tudo organizado antes e não tumultua o banheiro de roupa suja.
Roberta continua sobre a cama de Alice e seu pé quase acerta a cabeça de Tomás que continua a ser repreendido por Diego. Ele joga os olhos para fora o quanto pode para ver um pouco mais a namorada tirar as roupas, mas só aparece pouco mais da metade do corpo.
Diego faz cara feia para o amigo, mas a coisa muda de figura quando Roberta entra em acordo com Carla.
-É, você tá certa. -Ela também tira a blusa. -Já que agora somos três né... -Vamos diminuir ao máximo as probabilidades de briga.
-Perfeito!
As duas tiram o restante, deixando sobrar somente as roupas íntimas. Tomás aponta para Diego com ar de riso, mostrando que agora eles estão na mesma situação. Fica impossível não olhar.
E entre a espera e o tédio aparece o papo fútil:
-O que é isso na sua coxa Roberta?
-Uma pinta... -Ela passa o dedo, estica a perna e observa.
-Eu tenho outra.
Carla se levanta.
-Onde?
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