quarta-feira, 3 de abril de 2013

A História de Roberta e Diego 1ª Fase

Capítulo 11
É melhor eu correr?
Diego levanta os ombros instantaneamente, quase se esquecendo que deve ficar escondido. Os olhos seguem ao longo das pernas de Roberta e os ouvidos observam atentos a próxima fala enquanto imagina:
-"Onde estaria essa pinta?"
 Ele quase joga a cabeça para fora da cama, mas é salvo por uma batida na porta.
 Carla é quem atende.
-Quem é?
-Sou eu, Márcia!
 Tomás e Diego se olham percebendo que as coisas tem tudo para ficar ainda mais complicadas.
-Ah! É menina. -Roberta diz, já abrindo a porta e puxando a cunhada pra dentro.
-Gente vocês viram o Diego? -Márcia parece aflita.
-Não sei se percebeu, mas esse quarto é das meninas.
-Ah Roberta, é que eu não o encontro em lugar nenhum e ainda por cima ele não atende o celular!
 Roberta estranha.
-Eu vou ligar pra ele.
 Diego volta a olhar o celular para garantir que estava no modo silencioso. Andar prevenido era sempre a melhor pedida. E naquela situação seria um pouco mais que constrangedor se ele tocasse.
-Ele não atende. -Roberta fica sem entender o que acontece. -Vou mandar uma mensagem.
-E aí? -Carla fica impaciente.
-Não dá, não consigo falar com ele! -Roberta fala ainda insistindo com as mensagens.
-Ah, justo agora que eu tinha uma notícia pra dar pra ele!
-Que notícia? -Carla aparece na conversa.
-É que aconteceu uma coisa... -Márcia abre um sorriso que quase não cabe no rosto.
-Fala logo!
-Ai Roberta... Eu tô tão feliz!
As duas olham para a menina quase que agarrando o pescoço dela para que ela falasse logo.
-Tá bom, tá bom! É que os bebês da Silvia nasceram!
-Quê? Meus irmãos nasceram? -Diego salta debaixo da cama e faz as meninas gritarem com um baita susto.
 -Diego?? -Roberta fica de boca aberta e não acredita, mas o rebelde está tão entusiasmado que nem reage a isso. Seu foco está totalmente voltado para o que ouviu.
-Nós temos que ir ao hospital!
 Agarrada a uma toalha Carla corta o diálogo indignada:
-Você tava espiando a gente?
 -Não!... Quer dizer... O Tomás também tá ali escondido! -Acuado, Diego acaba revelando o amigo, que depois dessa, não vê outra saída a não ser se entregar trazendo no rosto uma expressão que Diego traduzia bem: ''Valeu dedo duro!"
-Vem Diego! A gente tem que ir logo! -Márcia leva Diego, o salvando, sem perceber, do que viria em seguida.

 Um quarto silencioso... Nenhuma voz alterada...
 Tomás olha para a porta. Em seguida leva o dedo ao queixo e questiona:
-Neste quarto não tinha duas meninas furiosas prontas pra comer o meu fígado? -O rebelde vai falando na mesma medida em que vira devagar.
 Carla e Roberta de braços cruzados sorriem de maneira assustadora para ele.
-É melhor eu correr? -Tomás se afasta.
-Depende.
-Depende de que Carlinha?
-Se você gosta da sua pele! -Roberta responde por Carla.
 As duas vão se aproximando.
-Calma aí meninas pra que praticar a violência não é?...
 Tomás tenta sair bem ligeiro, mas de todas as coisas que as meninas lhe jogaram,  foi possível sentir uma boa livrada na cabeça.
 Ao fechar a porta, as meninas olham sério uma para a outra e logo desabam a rir. Alice sai do banho cantarolando e não compreende.
-Que foi gente?
 Carla e Roberta voltam a se olhar e não acreditam que Alice não tenha ouvido nada!


 João dá passos rápidos e sem destino pelo corredor. Não há nada o que fazer, mas muitas coisas a pensar. Coisas que são interrompidas por um som distante.
 A voz fina e delicada, agrada ao garoto. Um som desconhecido, que continua a ficar mais alto à medida que ele se aproxima. Logo chega à sala de estar.
-Nossa, você toca e canta muito bem!
-Ah que nada...Eu sei alguma coisa. -Marina sorri.
-Que isso! Modéstia não combina com um talento como o seu!
 Os dois iniciam ali, uma conversa que dá sinais de que irá ficar bem longa. Sentados lado a lado, a garota sempre educada com as palavras, gesticula timidamente com as mãos e com a cabeça. Vai sorrindo e abaixando a cabeça, fazendo os olhos de João brilharem de completo encanto.
-Você é um cara muito legal, João. Onde eu estudava não tinha caras assim.
-Assim como?
-Assim... Que ouvem com paciência uma garota falar. Sabe, eu sou uma pessoa reservada e os garotos parecem preferir as atiradas.
-Eu não! -João é rápido em afirmar.
-Você é incrível sabia? Uma peça rara.
 João fica todo cheio de si.
-A gente podia sair um dia desses... -Ela continua.
-Claro, claro! Sábado? -João fica todo abobalhado.
 Marina se levanta com o violão em mãos.
-A gente se vê. -Ela se despede com os olhos apertados em um sorriso meio escondido.
Ao sair deixa João completamente em nuvens, pousado no sofá.

 E a tarde corre. Os ponteiros aflitos do relógio a faz transformar-se em noite. O quarto dos meninos habitado somente por dois pulmões tranquilos a respirar o mesmo ar.
 Diego todo animado teria assunto para toda a madrugada.
-Você tem que ver os bebês Roberta! A Silvia tá tão feliz! E meu pai então? Eu nunca imaginei que ia ver o meu velho babando daquele jeito...
 Roberta continua com um olhar brincalhão, pois vê que Diego está em outro mundo.
-São tão pequenos sabe? -Ele relembra. -Eu acho que um se parece comigo...
-Diego!
-Oi! -Ele para de uma só vez.
-Olha, eu to muito feliz por você, pelo seu pai, pela Silvia e tudo mais... Só que...
-O que?
Roberta não sabe se ri ou se fica brava com a situação.
-Quando você vai me contar o que você e o Tomás tavam fazendo escondidos no meu quarto?

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