sexta-feira, 12 de julho de 2013

A História de Roberta e Diego 1ª Fase

Capítulo 18
Em volta da fogueira

A tarde chegava e aos poucos todas as barracas haviam sido montadas. Antes que o frio começasse a apertar, as meninas resolvem que vão tomar um banho em uma cachoeira que tem por perto.
-Bora lá então!
-Não senhor! -Vicente impede Diego. -As meninas vão tomar banho, enquanto isso vocês vão me ajudar a juntar lenha para montarmos uma fogueira, por que vai esfriar.
 As meninas riem da cara de "estraga prazer" que os meninos fazem para o professor, e seguem com toalha e tudo mais nas mãos pela trilha aberta.
-Ah, isso não é justo cara... -Tomás reclama enquanto caminha. -As meninas tão lá na cachoeira e a gente aqui...
-Calma que daqui a pouco elas voltam e a gente vai... -Pedro não entende.
-É esse o problema.
-A gente sabe que você não gosta de tomar banho Tomás!
-Muito engraçadinho Diego! Não, eu queria tomar banho de cachoeira com a Carla.
-É... Eu também queria ter ido com a Roberta.
-Eu sei caras, todos nós queríamos ir com as nossas namoradas, mas o Vicente não vai dar brecha não! Ele tá no pé!
-Ei que isso?
 Pedro e Diego prestam atenção ao som que Tomás escuta por trás das árvores.
-Vem dali! -Diego chama os amigos.
 Ao chegar por trás das pedras eles veem as meninas brincando na água.
 Depois de uns dez minutos babando, com cara de bobos, os meninos conseguem falar:
-A gente não devia estar aqui. É muito feio isso!
 Ainda de boca aberta olhando por cima da pedra, Tomás discorda:
-Ah, feio Pedro? Você tá cego? A vista tá linda...
-Põe linda nisso! -Diego apóia com os olhos vidrados.
 As meninas saem da cachoeira. Roberta começa a olhar para onde estão os meninos. Ela não os percebe mas fica desconfiada que tem algo errado ali. Sem demorar muito ela percebe o que está acontecendo.
-Ei Carla! Vem aqui!
De trás da pedra os meninos não ouvem nada, só percebem quando Carla e Roberta se aproximam de Alice e as três desaparecem.
-Não to vendo elas!
-Nem eu Pedro!
-Vamos lá na frente.
 Diego é o primeiro a subir na pedra e procurar ao longe, estranhando que elas tivessem sumido tão rápido.
-Será que elas voltaram para o acampamento?
-Mas as coisas delas estão ali! -Tomás mostra a Pedro.
Os meninos ficam confusos antes do susto que segue. E sem que pudessem falar qualquer coisa são atirados na água. A queda nem havia sido tão alta, mas eles realmente não estavam esperando.
 Risos e risos apareciam por trás das das árvores. Eles ao vê-las se olhavam como se pensassem igual. Ficam sérios e vão saindo aos poucos da água.
-Aí, vocês não tem vergonha não? -Carla ri enquanto fala.
 Roberta prossegue zoando:
-Olhando a gente tomar banho! Que feio!
-Isso não foi certo não tá. -Diego fecha a cara e vai até Roberta que recua.
 Pedro e Tomás fazem o mesmo com Alice e Carla. No fim todas são jogadas dentro da cachoeira gelada. Se afogam, se divertem e se envolvem um no outro, em um namoro molhado. Se esquecem de que alguém um pouco distante dali, enlouquecia por não saber onde estavam. Mas era somente a adrenalina sem suor, o coração acelerado continuamente na batalha na água. Momento de segurar o corpo de alguém contra o
seu, de beijar sentindo que irá parar de respirar, como se lhe tomassem os pulmões ao te afogar por dentro da pele. Um abraço apertado no tremor do frio que lhe fervia o sangue. Nada faz sentido e isso enlouquece. É estranho como tudo se compreende nos sentimentos sem que se possa compreender nada.

-Onde será que eles se meteram?
 Preocupado, Vicente resolve procurar os rebeldes. Ele deixar um bilhete, dizendo que volta logo, fecha a barraca e segue a mesma trilha que as meninas haviam feito horas atrás.
 Acaba o escuro de cercar as barracas e o sol se despede de tudo. Enfim é noite.

 "E de repente o destino leva cada um pro seu lugar, sem perceber, você está distante, isso me preocupa mais..."
 Um violão...
 Dedos que o dedilhavam calmos...
 Brasas ardendo no sereno da noite.
 O céu tinha um azul marinho fascinante. O frio os consumia ligeiramente enquanto cantavam em volta da fogueira mansa.
 Carla canta ao lado de Tomás. Ele tem os olhos abaixados, e toca cada nota perfeitamente, como se o fizesse pela última vez. Alice  recosta no ombro de Pedro que a abraça. O sono vem mais pesado à medida que o calor vai surgindo.
 Diego e Roberta estão sentados no chão. Tem um silêncio terno e livre da vida. Somente permitem que cada palavra da música lhes entre nos ouvidos como calmaria para qualquer barulho que ali ousasse aparecer. Era paz em vestígios de sonho, rodeando os pensamentos calados.

 Roberta sente um carinho nos cabelos e fecha os olhos. Ao perceber que ela treme, Diego puxa um cobertor que tem por perto e coloca sobre ela. Ele se enrola junto e a deita sobre seu peito. Um beijo demorado, que segue lento e quente consome o frio que também prossegue no vento ao som de serenata.

 Diego sente que Roberta pesa o rosto sobre seu peito, se entregando ao sono, e sorri por tê-la ali tão junto a si. O perfume exalado dos cabelos que ele tanto gostava. O toque da mão dela já solta na dele, leve. Estava toda entregue em seus braços, acabando de adormecer. Diego gosta, acaricia o rosto e a firma em um abraço por dentro do cobertor. Já não ouve música, já não percebe o fogo da fogueira diminuir. Rosto inclinado na respiração dela. A boca muito próxima só toca de leve a outra sem despertá-la.

-Ai, acho que vou dormir... -Alice boceja.
Querendo se safar de qualquer coisa que Tomás pudesse estar pensando Carla adianta:
-Ah, eu vou com você! Não se importa da gente dividir a barraca né?
-Claro que não... -Alice levanta e ambas seguem.
 Tomás olha a barraca mais distante que é de Vicente.
-Ele tá dormindo ainda?
-Deixa ele Tomás. -Pedro nem olha. -Ele deve tá muito cansado, a gente chegou tarde e ele fez tudo sozinho. Bora dormir que as meninas já partiram.
-E aqueles dois ali?
Pedro olha para Diego e o chama.
-Diego?
-Psiu... -Ele faz sinal.
-Tá bom. -Ele levanta as mãos.
 Os garotos entram na barraca, e já é quase madrugada.
 E por mais um minuto ali ou talvez pela noite inteira, o casal fica por um tempo que não pode ser escrito, nem entendido, ou traduzido ao que somente se irá recordar pelo resto da vida.

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