segunda-feira, 15 de julho de 2013

A História de Roberta e Diego 1ª Fase

Capítulo 22
Que nunca iria embora...

Eva está na janela de casa desconsolada. Com o rosto cansado, ela já perde as forças. A histeria dá lugar à tristeza que já lhe deixa sem reação.
-Meu amor, você precisa descansar, comer alguma coisa...
-E será que a Roberta comeu? Será que descansou?
-Ela vai aparecer, a polícia está tratando do caso. -Franco abraça Eva, mas a cantora fica inquieta. -E se eles fizerem algum mal a ela? E se...
-Calma. Nada vai acontecer. Parece que são amadores. Não se preocupe, eu vou fazer com que paguem por tudo que estão nos fazendo!
-Eu só quero ela aqui! -Eva se recorda de algo. -Será que é o mesmo cara que entrou no meu camarim? -Ela se levanta de uma só vez.
-Ele foi preso Eva. -Franco repensa e esfrega o queixo. - Mas claro, pode ter cúmplices! Eles pediram muito dinheiro.
-Eu dou tudo que eles quiserem, eu só quero minha filha de volta!

O desespero não deixa com que hajam com a cabeça. Franco só pensa em acalmar Eva, enquanto tem que correr para a delegacia, sempre à espera de um novo telefonema.
A essas horas o colégio Elite Way em plena segunda-feira, já está com a rádio corredor à todo vapor. Geralmente os sequestros, por segurança, são mantidos em sigilo. Mas por alguma fonte havia se espalhado muito mais rápido do que o normal. Quem estaria por trás de toda fofoca?
-Vocês acham que foi o Binho? -As meninas conversam na cantina.
-Deixa de ser idiota Sosô, ele tá aqui, e o fim de semana todo esteve aqui! Como seria ele?
-Ah, Juju, foi só um comentário. Além do mais não seria a primeira vez que ele sequestraria ela.
-Escuta aqui tão falando de mim é? -Binho chega na mesa onde as meninas tomam café. -Não quero ver meu nome sendo sujado na boca de vocês não, bando de fofoqueiras!
-Até parece que você precisa de ajuda pra sujar seu nome né Binho? -Juju solta essa e o rapaz sai quase sem resposta.
-Estão avisadas. É melhor não me meter nas suas fofocas.

 Marina chega, tromba com ele e quase é derrubada.
-O que houve?
-A Roberta foi sequestrada! O colégio não fala de outra coisa!
-Sério Sosô? -A menina se senta com elas.
-Você não sabia?
-Não, mas me conta.

 O papo flui em cada dependência do colégio. Estaria tudo mais arriscado à medida que todos ficavam sabendo. Roberta estaria muito vulnerável, pois os bandidos poderiam se sentir acuados e tomar alguma decisão impensada por pressão e medo.

 O dia de sol era o início de um pouco mais de vida...

 A grama causa um incômodo em seu rosto. De fato, não era mesmo o melhor lugar para passar a noite, mas Diego acabou apagando com o cansaço da caminhada intensa na madrugada passada. Ao erguer os olhos, ele não sabe onde está. Tenta se recordar de onde havia vindo, mas realmente não fazia ideia, pois à noite era tudo muito diferente. Ele roda pelo campo aberto e alto. Havia subido bastante. Procura alguma cabana, alguma casa, algum sinal de humanidade. Ao longe ele percebe algo que se parece com uma casa.
-Será? -Ele corre trilhando naquela direção. Não sabe o que vai fazer, nem o que vai enfrentar, só sabe que ficar esperando não conta como opção.


 A discussão a desperta, mas seus olhos estão vedados. Ainda sonolenta ela tenta se levantar, mas as mãos estão amarradas. Tem a terrível sensação de ter na boca algo que não lhe permitia gritar. Uma fita isolava qualquer som além do que era permitido emitir.
-Ei parece que ela acordou. -O casal a observa e o homem se aproxima.
-O pé da garota tá inchado!
-Ah, só me faltava essa!

Deitada no chão Roberta escuta quando a mulher se aproxima de seu rosto.
-Aqui, eu vou tirar a fita, mas você não vai gritar não é?
 A rebelde faz sinal negativo e a fita é retirada de sua boca.
-Quem são vocês? -Ela grita.
-Quietinha! Você logo vai voltar pra casa menina. É só ser boazinha. -O homem baixo e corpulento, parece inseguro e amedrontado. Aos seus cuidados a rebelde não sabe o que pensar. Somente o medo a vem cercando de todos os lados.
-Eu vou descer pra arranjar algo pro pé dela. Você vigia e vê se não faz besteira!
 O homem a olha sair com uma expressão desagradável. É mandado como um cachorrinho por aquela jovem tão bruta.
 Agora os minutos que passam se tornam séculos para todos, que angustiados, tentam buscar um jeito de trazer Roberta de volta.
 As negociações estão sendo feitas, as investigações e os noticiários fervem. Todos os canais de tv abordam o assunto. O colégio ferve de repórteres.
 Binho é o primeiro a ser chamado por Jonas. Todos observam quando ele retorna da sala do diretor e ficam desconfiados. Mas o garoto fecha a cara e não dá brecha para que ninguém se aproxime. A tensão é grande.

 A manhã termina e longe do conforto da cidade, Diego sente bater o cansaço e a fome. A casa que encontrou estava vazia e abandonada, mas ao menos lhe serviria de abrigo se precisasse estar ali por mais tempo.
-Meu pai deve estar louco da vida. -Ele olha o celular sem sinal. -É não vai ter jeito de avisar. Cinco minutos e eu vou vasculhar mais.
-O que você tá fazendo aqui garoto?
 Diego é surpreendido e arregala os olhos.


Anoitece. Franco chega em casa e Eva o recebe em pânico.
-Eu fiz o que achei certo.
-Você levou o dinheiro?
-Levei. Os policiais disseram que era melhor não fazer isso mas... -Franco balança a cabeça desnorteado. -Agora o que nos resta é esperar. -E Eva o abraça.

 Na casa dos Maldonado, Diego chega acompanhado de um policial que já vai dando o relatório.
-Eu o encontrei em uma cabana na serra norte.
 Diego fica atento à informação.
-Meu filho! O que você tinha em mente pra sair assim? -Leonardo leva as mãos aos ombros do filho. Está realmente preocupado.

 A segunda noite se vai sem ela.
 Não era esperado mais nada, um milagre talvez. Que algo fosse mais forte que tudo e a trouxesse no ar de volta pela janela de seu quarto, que recebia o vento e a luz das estrelas.
 Diego vai pensando noite à dentro, sem conseguir sequer se deitar na cama. Os olhos parados no tempo e nas lembranças.
-Onde você está Roberta?
 O sorriso dela o fazia sorrir sem motivo, assim como quando recordava daqueles olhos lindos que se apertavam na hora em que se beijavam.
 A maneira como se jogava sobre ele. A maneira como podia sentir cada pedacinho de seu corpo projetado naqueles abraços longos do namoro gostoso no fim da noite.
 Queria senti-la junto ao peito de novo, dentro dos braços... O gosto dela ainda estava em sua boca e queria sentir de novo. Queria colocá-la no colo, abraçar apertado agarrado à sua cintura, vê-la rir e se contorcer de alegria, enquanto podia lhe beijar o pescoço e sentir o perfume que o fazia sonhar... Sonhar que nunca iria embora.

 O celular toca sobre a cama.
-Alô?

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